sábado, 31 de março de 2012

Acreditar












"Quando o primeiro bebê riu pela primeira vez, o riso se despedaçou em milhares de partes e todas elas se espalharam, foram saltando. E assim nasceram as fadas."



Dizem-nos sempre que a felicidade não vem ao nosso encontro, que somos nós quem devemos lutar por ela. Dizem-nos que os sonhos se tornam sempre realidade, que quem busca acaba sempre por encontrar a sua concretização. Mas a verdade é que nem as próprias pessoas sabem guardar essas frases dentro de si mesmas, por vezes, nem elas acreditam nisso. Dizem-nos coisas que depois não nos ensinam a utilizar. Falam-nos de sonhos, mas não nos deixam sonhar mais alto. Falam-nos de amor, mas não acreditam mais na sua força. Dizem-nos que príncipes não existem, que já não há amor eterno e que as pessoas já não conseguem viver sem problemas. E, para além de nos quererem fazer acreditar nisso, ainda vem a vida querer mostrar-nos. Porque a vida nem sempre nos mostra o que é real, e por vezes põe-nos testes para ver se merecemos a felicidade e quer ver até que ponto vai a nossa capacidade de sonhar e de acreditar. Eu, pelos menos, gosto de acreditar que a vida nos faz isso por esse motivo.


Voltando agora à felicidade: talvez as pessoas não saibam mais ser felizes, porque talvez seja preciso saber ser feliz e manter-se assim. Ou talvez, as pessoas acreditem mesmo que o amor eterno é coisa do passado, tais como os príncipes e a felicidade. É como aquela frase que um senhor criativo escreveu no livrinho do Peter Pan:




"Cada vez que uma criança diz ´Eu não acredito em fadas´ em algum lugar uma pequenina fada cai morta no chão."



Mas eu quero acreditar que as velhas histórias têm uma coisa em comum conosco: uma vida cheia de cenas que teem um final feliz e se deixam ficar assim para sempre.



"- Como faz para comprar um sonho?
Perguntou um menino feio, mas de olhar intenso. 
- Sonhe mais do que você pode comprar!"





Porque eu acredito que o amor, apesar de difícil, é uma força imensamente poderosa e que as pessoas podem mesmo sonhar. Se a felicidade não vem ao nosso encontro, então temos que acreditar que conseguiremos ir ao encontro dela.


Temos que acreditar nos sonhos, nem que para isso, tenhamos que ser criança novamente.

Você ainda acredita em Fadas?
Ainda consegue voltar a ser criança?

sexta-feira, 30 de março de 2012

Confiança Traída








Feridas profundas
Que não fecham mais
Sentimentos partidos
Bravamente escondidos.

Vidas perdidas
No decorrer do caminho
Pessoas queridas
Andando sobre espinhos

Confianças traídas
Por quem temos carinho
Abrindo feridas
E nosso mundo ruindo.

Alguns abandonados
Há muito esquecidos
Reencontramos no caminho
Repleto de espinhos.

E qual nossa surpresa
Quando no poço caímos.
Aqueles que esquecidos estavam.
São nossos unicos reais amigos.




Somente quando chegamos no fundo do poço, é que realmente descobrimos quem são os amigos verdadeiros. E muitas vezes, descobrimos que aquele que sempre ignoramos, é o único verdadeiro amigo que sempre tivemos.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Escolher o Caminho


    







 O cheiro era diferente de tudo o que já havia sentido. Uma mistura de temperos, doces e carne putrefata. Nada era palpável, tudo parecia surreal. E ao mesmo tempo, tudo parecia estar realmente ali. Os tijolos amarelos se estendiam por quilômetros e quilômetros e se perdiam no horizonte, tanto a norte, quanto a sul. Os corpos estavam jogados por todos os lados. Árvores já criavam suas raízes por cima deles e a grama já cobria a outra parte. Era estranha aquela visão. Mortos, mas sem se decompor. Eram centenas de milhares de corpos e estes também se perdiam no horizonte. Aqueles eram os restos de uma batalha antiga, travada nos primórdios do mundo. O tempo ali parecia não passar nunca e em contrapartida parecia estar se acelerando, parando e regressando novamente. O ar era pesado, o cheiro estranho e o caminho desolado.

- Para onde devo ir? – perguntou ele.

- Para frente. – respondeu uma voz que não pertencia a nada e a ninguém, mas vinha de tudo e todos os lados.

- Onde é a frente?

- Onde não for atrás.

     Óbvio. Mas qual caminho tomar? Sul ou Norte? Qual era o caminho para frente? Era isso que ele pensava naquele momento e vários xingamentos passavam por sua mente atrapalhando sua decisão. Por fim, resolveu ir para o sul. As estradas eram idênticas, feitas de tijolos amarelos e com cadáveres e árvores ás centenas se aglomerando á sua volta. Algumas das árvores lhe davam medo. Elas tinham rostos desenhados no tronco e estes rostos eram terríveis. Era como se expressassem o sofrimento eterno a que haviam sido sujeitas. O caminho estava cheio disso. Sofrimento. E este não era uma boa companhia quando se caminhava num lugar desconhecido.
Desconhecido para muitos, mas para ele, nem tanto. Ele visitava aquela estrada desde que tinha dez anos e desde então, nunca tivera muita sorte no caminho de tijolos amarelos. Lembrava-se da primeira vez que havia estado ali. O caminho o assustava como sempre o fizera desde então, mas havia um homem (ou seria uma mulher?) parado em frente à uma destas árvores.

- O-onde estou? – perguntou a pobre criança.

- Você está aqui.

- E onde é aqui?

- Aqui é onde tem que ser e onde sempre foi. Mas pode ser que não seja, ou que talvez nem tenha sido. Pode ser que não tenha estado aqui e talvez nunca esteja. Bom, este é o lugar em que você está e é aqui, exatamente aqui, que tudo começa.

- O que começa?

- O início.

- Sim, início e começo são a mesma coisa.

- Talvez tenham o mesmo significado, mas se fossem a mesma coisa não seriam palavras diferentes.

     Aquilo o deixou confuso. Tinha somente dez anos e aquele cara (ou mulher) o estava deixando irritado com aquela conversa de loucos.

- Porque estou aqui?

- Por que tem que estar.

- Você vai me responder tudo desta forma?

- As respostas nem sempre são tão objetivas quanto as perguntas, mas muitas vezes, podem significar mais do que aparentam.

- Não entendi.

- Não esperava que entendesse. Você está aqui para escolher.

- Escolher o que?

- O caminho para frente.







Memórias






Tempo.

É aquele que governa os ciclos.
Vê o nascimento de uma Era.
Apaga a chama da vida.
Ou marca sua vida com cicatrizes que nem mesmo a morte pode apagar.

É estranho lembrar de algumas coisas
Mais estranho ainda, são as peças que o cérebro nos prega.
Sentimos cheiros que há muito se perderam.
Ouvimos vozes de pessoas que há muito já se foram.

Lembranças.

Estão diretamente ligadas ao tempo.
Elas são as feridas.
São elas que sempre nos fazem chorar.

As memórias me fulminam toda noite.

Memórias de um tempo que eu gostaria que ninguém mais lembrasse.
Memórias de uma vida que ninguém mais viveu...




quarta-feira, 28 de março de 2012

As Janelas da Alma






Palavras são carregadas pelo vento.
Sorrisos são destruídos pelo tempo.
Promessas se vão com a maré,
Pois na maioria das vezes, é tudo da boca pra fora.
Nem tudo é dito com o coração.
E quando o é, nem o percebemos.


Há vezes,
Que falamos aquilo que queremos sentir.
Ou simplesmente ocultamos
O que achamos não ser viável falar, 
Seja por medo 
Ou por gostar demais de alguém.


Mas, o rosto tem suas janelas.
Iluminadas.
Escancaradas para o mundo.
Que denunciam nossas emoções.
Que nos traem revelando aquilo que gostariamos de esconder.


São janelas sem cortinas.
Janelas que trazem o mundo para dentro de nós.
Mas que em troca,
Revela à todos o nosso mundo.
O que está dentro de nós, para que o mundo veja.


Os olhos denunciam a mais leve emoção.
Quer queiramos ou não.




Palavras se vão...
Promessas são vãs...
Mas o brilho dos olhos,
Estes jamais desaparecerão.
E até o fim de nossos dias,
Eles brilharão.














Não Pare na Trilha






Escuras estradas
Destino sombrio.
Tijolos vermelhos
Cobrem o caminho.


Pessoas perdidas
Como passáros caindo do ninho.
Aumentando a estrada
E o tempo sozinho.


Até que não resta nada
Além de espinhos.
Nenhuma outra luz,
Iluminando o caminho.


O sol sempre desponta no horizonte
Brilhando e subindo.
Amanhece no caminho solitário
Quanto tudo o que é vida, vai se esvaindo.


O caminho nunca é fácil
Nada facilita nossa vida.
Por isso erga a cabeça e siga em frente.
Jamais pare na trilha.






Imagino a vida como uma longa estrada de tijolos vermelhos.
Vermelhos porque sempre caímos na estrada.
E ao cair, sempre sangramos um pouco.
Todos vamos passar por ela.
Cada um de nós tem sua própria vida pra viver.
Sua própria estrada.
A vida é uma jornada, não uma separação.
É um começo, não um fim.
Pode ser um pouco solitária, mas é assim que as coisas são.

terça-feira, 27 de março de 2012

Os Erros que Cometemos






Todos temos coisas quebradas dentro de nós.
Todos temos feridas.
Alguns aprendem a escondê-las.
Outros a mantém expostas, mostrando o quanto são fortes por aceitá-las e suportá-las da maneira que são.

Uns sempre são mais fortes.
E outros, como eu, sempre caem no caminho por qualquer corte.
Sempre se demoram a levantar.

A vida é cheia de tropeções e quedas.
O que torna a vida interessante não é cair e levantar.
E sim: cair, aprender e se melhorar para jamais cair da mesma forma e nunca mais se machucar pelo mesmo motivo.

Mas, mesmo depois de ter levantado.
Andado e corrido na vida.
Os ferimentos estão lá.
Na maioria das vezes, escondidos.
Á noite, quando estamos sozinhos, eles voltam a nos assombrar.

Os erros que cometemos e as feridas que nos marcaram jamais desaparecem depois de encobertas.

Por isso todos temos coisas quebradas.
E ansiamos dia após dia, por alguém que nos conserte...



Saudosa Infância





Saudosa infância
De molecagens muitas
De alegrias infinitas
Tempos que não voltam mais.

Ah se eu pudesse voltar no tempo
Até minha saudosa infância.
Que distante ficou na lembrança
E a saudade ficou a assombrar.

Ah se eu pudesse voltar no passado
Recuperar aquela criança
Que mal aproveitou a infância
E cresceu rápido demais.

Só peço ao tempo que não leve as lembranças
De minha saudosa infância
Que são os unicos fantasmas que tenho
E que jamais quero abandonar.

segunda-feira, 26 de março de 2012

O Feiticeiro de Angarack








Este é o primeiro capítulo do livro que estou escrevendo.
Quem puder opinar, seja criticando ou elogiando, eu agradeço!








Sinto o peso das palavras a cada vez que as escrevo aqui.

É como se os mortos estivessem ansiosos por elas e as vidas perdidas no passado estivessem à espreita, aguardando uma oportunidade de reviverem tudo novamente. De se sentirem vivas, uma vez mais. Através destas palavras, creio eu, estas pessoas se tornarão imortais.
Nada me dói mais do que reviver aqueles dias. Reviver as batalhas, as intrigas, os jogos de poder e acima de tudo, a Grande Noite. Porém, jamais me perdoaria se o mundo não soubesse o que aconteceu lá e tudo se perdesse com o tempo. Houveram sim, coisas ruins, mas muitas coisas boas aconteceram. Boas pessoas viveram e morreram.

O bem sempre vence o mal.

Era o que meu pai sempre dizia. E eu o amaldiçoo sete vezes, por me contar tais mentiras. E amaldiçoo mais ainda, pais que iludem seus filhos com estas tolas estórias. Esta estória que aqui descrevo agora, não é como as outras. Toda estória tem um começo e um fim. O que vem no meio é o ápice de tudo, levando à todos a um fabuloso final. Mas esta... Esta é uma estória às avessas. Ela teve um fim trágico e uma longa, longa jornada em busca de um começo. Porém, para entende-la da maneira correta, é necessário voltarmos muito no tempo. Até a época em que tudo seria criado.
No início não existia nada, somente o Vazio e no Vazio vivia Allaff, o Criador. Não existia palavra para Céu ou Terra, Mar ou Firmamento. Lá, só existia o Silêncio. Durante séculos incontáveis ele vagou pelo Vazio em busca de inspiração e nunca a encontrou. Porém, em uma das incontáveis vezes em que ele meditou procurando algo em sua mente, ele encontrou o que procurava. O sonho veio como se tivesse sido sussurrado em seus ouvidos e sua mente deu ao sussurro forma. Em seu sonho era tudo tão lindo. Ao acordar, estava decidido que iria dar aquele sonho a chance de se tornar real e assim, o  Verbo fora entoado pela primeira vez. A voz do criador entoou o Verbo e ele se tornou tudo o que poderia ser. Sonho e Idéia. Esperança e Medo. Do Verbo, um pequeno Globo surgiu em meio ao Vazio e o Criador deu à ele o nome de Varda.

Conforme o Verbo era entoado, eras e eras iam dançando em frente à Allaff, tamanha era a perfeição de seu mundo. Porém, ele não imaginava o quanto o Verbo era poderoso e traiçoeiro e este foi seu maior erro. O Livro de Ebenezer conta que Allaff não sabia ao certo o que fazia quando entoou o Verbo pela primeira vez. Espíritos antigos que vagavam invisíveis pelo Vazio, ao ouvirem o Verbo foram tentados por ele e assim foram criados os primogênitos. Os filhos de Allaff, todos Elcariuns como ele, Deuses com o Dom da Criação. Um a um, foram surgindo e suas vozes se unindo à do Pai entoando o Verbo. Allaff estava surpreso com aqueles seres que haviam surgido e só então percebeu que ele havia dado fim à aquilo que ele mais detestava em sua existência. A Solidão. Ele nomeou um por um dos filhos que havia criado. O primeiro e mais poderoso dos Elcariuns foi Nagrók, logo em seguida surgiu Zulan, Heliel, Lelian e Jakopo, respectivamente. A voz do Pai se elevou no Firmamento e ele disse:

A minha forma e semelhança vos criei e lhes concedo autoridade sobre tudo o que existe... Que por meio de Sua vontade, se cristalizem todas as coisas.

Lelian ergueu sua voz e entoou o Verbo e um imenso Palácio Dourado e Prata surgiu no Firmamento e seu brilho iluminou Varda e revelou  que ainda estava inacabada. Zulan criou  grama em volta do Palácio e Heliel e Jakopo criaram árvores e lagos e tudo ali seguia um padrão, tudo ali era perfeito. Um dos filhos porém, olhava cobiçoso para o pequeno mundo abaixo deles e sua voz entoou o Verbo para moldá-lo e naquele momento, Varda ficou sujeita à sua Vontade. E a vontade de Nagrók era insana. Ao comando de sua voz, as montanhas se ergueram do chão e foram subindo mais e mais, algumas realmente tocavam o céu e aquilo deixou o Pai maravilhado e sua atenção se voltou ao Primeiro Filho. Da Pedra nas Montanhas, Nagrók criou os anões, criaturas de tamanho mediano e brutos. Eram grandes trabalhadores e acima de tudo amavam a pedra, ao qual chamavam de Deusa. Sem que ninguém percebesse, Nagrók implantou nos anões um sentimento, cobiça sobre todas as coisas Valiosas. E assim, nasceu o Primeiro Pecado no Mundo.
Os bosques foram criados em seguida e das árvores criou-se os Elfos, altivos e soberbos  e extremamente poderosos. Amavam o Poder acima de tudo e fariam qualquer coisa para protegê-lo ou se tornarem mais fortes. E assim, fora criado a Inveja e o Ódio, pois um sempre vem acompanhado do outro, e mais Pecados vieram ao mundo. Nas florestas, vários animais foram criados, para que servissem de alimento para aqueles que acabavam de ganhar vida. Tudo seguia seu padrão e aos poucos, os Elcariuns iam se unindo ao irmão mais velho e foram criando coisas no mundo que o Pai há pouco havia criado. Um a um foram pincelando suas idéias, mas sempre que um deles erguia a voz, Nagrók erguia a sua mais alto e deturpava aquilo que os irmãos criavam ou simplesmente destruía. O pai, maravilhado com tudo o que via não prestou atenção no que os Filhos faziam e assim, a primeira Guerra fora travada. A Guerra da Criação, como foi chamada. Nagrók vencera os irmãos e o Verbo o influenciava à cada vitória. Em Varda, os recém criados, Elfos, Anões e Animais, assistiam àquele espetáculo que se desenrolava diante deles. Uma tempestade se formou e um raio caiu sobre uma árvore, incendiando-a. O fogo fez com que os Elfos se assustassem e fugissem da Floresta, com medo de queimarem. Aquele Poder era forte demais e eles não ousavam desafiá-lo. Névoa subiu das planícies e cobriu tudo, se misturando com a fumaça. A escuridão era absoluta, exceto pelas áreas que pegavam fogo. O mundo que era tão belo estava se destruindo pela briga entre os Elcariuns. Fogo, Névoa e Sombra. Era nisso que o Mundo havia se tornado. E desses três elementos, Nagrók criou seu servo mais poderoso. Os Elcariuns se assustaram ao verem que ele se elevava mais e mais e seus olhos em chamas os encaravam. Naquele momento, nascia Vulgort. Somente neste momento Allaff percebeu o que estava sendo feito de seu mundo e interferiu naquilo que os filhos faziam.
Dei a vós livre arbítrio para criarem o que bem desejassem, porém o que vi foi somente Destruição e Morte.

Vulgort desapareceu naquele instante e nunca mais foi visto, desde então. Nagrók olhou para suas mãos e as apontou para o Pai.

Tu me destes o Poder da Criação, Pai. Tu me criastes e colocaste em minha mente tudo aquilo que criei. Porque me acusas agora?

Allaff não respondeu. Ele não sabia exatamente do que o Filho o acusava e preferiu não responder de imediato á sua pergunta. Seria ele mesmo o culpado por aquela destruição?

Tu te calas e não me responde. Não sabes a resposta? Temos como saber exatamente o que criamos ao entoarmos o Verbo, PAI. E se tu não sabes disso, então não mereces ser o Primeiro entre os Elcariuns.

Os olhos de Allaff brilharam e sua voz soou como trovão e todos em Varda puderam ouvi-lo, mesmo que tapassem os ouvidos.

Tu não és digno de ficar em minha morada. Semeaste ódio e guerras em tudo aquilo que criei e em pouco tempo, tu destruíste grande parte do Plano que tinha para este lugar. Porém, nem tudo está perdido.

Nagrók não entendia o que o Pai dizia e o ódio que havia acabado de criar no Mundo tomava conta dele secretamente e pouco a pouco ia roendo as amarras da razão, dando lugar à loucura. O Pai estendeu sua Vontade para uma criatura que jazia morta no chão e dela retirou dois pedaços de carne e deu á elas vida. Ali, naquele momento, eram criados os humanos. A raça mais jovem de todas. Embora o Verbo tenha sido entoado por cinco horas somente, em Varda passaram-se quinhentos anos. A maior Guerra pela qual Varda havia passado era a Guerra da Criação e vários Elfos e Anões deixaram seus registros sobre ela.

Estes, são meus novos filhos e neles coloquei o Fogo Inextinguível. Por mais que o Mal que tu semeaste no Mundo seja forte, a chama dentro deles jamais se apagará e eles lutarão e o impedirão de cumprir com sua maldade. Estes são MEUS filhos e com eles eu deixo a minha graça.

O ódio de Nagrók explodiu em fúria e fogo e o céu ficou vermelho quando ele gritou. Em Varda, seus servos, ou aqueles que haviam sido tocados pelo mal, caçaram os recém criados de Allaff, porém eles haviam desaparecido. O Pai os havia escondido até que tivessem número suficiente para reivindicar um lugar no mundo.

Tu não sabes o que faz. Pensas que pode comigo, mas eu sou o Primeiro dos Elcariuns. Eu sou DEUS e nenhum de vocês pode me destruir ou destruir aquilo que criei naquele Mundo. Aquele lugar me pertence e nenhum de vocês vai tocar nele novamente.

Os primogênitos foram atacados pelo fogo de Nagrók e o Pai os protegeu dirigindo seu olhar ao Filho.

Tu me tomas como ignorante, Filho. Mas sois tu que não sabes o que faz. Tua Vontade se instalou em minha criação, porém eu irei erradicá-la de lá nem que isso demore Milênios. Pois eu sou Allaff e aquilo que foi criado sobre a minha vontade estará eternamente sujeita a mim. O mal que tu criastes se espalhará pelo mundo, matando, corrompendo, torturando, porém deixo aqui um aviso para aqueles que seguirem as palavras da Serpente que tenho como filho. A danação eterna é o que os aguarda e agora, lhes mostrarei meus novos Filhos.

Um raio caiu na terra e a rasgou ao meio e dentro dela puderam ver o fogo. Das rochas em volta dele, Allaff criou criaturas disformes com chicotes e espadas em chamas.

Todo aquele que esquecer minhas palavras e se sujeitar ao Mal que corrompe o mundo, terá estas criaturas como recepcionistas em sua eternidade de danação.  E a ti, meu filho, está reservado o pior dos destinos. Tu viverás naquele mundo que corrompeu, ele é teu como disse e nele passará a eternidade. Tiro de ti agora, o dom que lhe dei e deixo a ti somente a imortalidade como presente e castigo. Assistirá as eras se desenrolando diante de ti e verá seu mundo se corromper ao longo dos anos. Porém, lembre-se. Tudo teve início em  mim e a mim tudo voltará. Aqueles que forem bons em vida, virão à mim e viverão comigo, até que o próprio Tempo não exista mais, até que reste somente você em um mundo devastado pela sua Vontade. Eles viverão e morrerão, porém tu, jamais terá o Descanso Eterno. Jamais voltará para casa.
                                                         
Nagrók estava com ódio e isso era evidente pelo seu olhar insano.

Tu não podes me banir daqui... PAI. EU SOU O MAIS PODEROSO. O MUNDO RESPONDE SOMENTE A MIM.

Imensas asas surgiram nas costas de Nagrók e ele foi para cima do Pai. A cada investida e soco, um raio riscava o céu e os Elcariuns se tornavam visíveis. Allaff somente bloqueava os golpes do filho e nenhum dos irmão se atreveu a entrar naquela briga. Um raio riscou o céu e parou nas mãos de Nagrók e ele o usou para cortar fora o braço do Pai. O sangue era dourado e escorria pelo jardim recém criado.

Banido serás, meu filho. E jamais voltará para casa.

Antes que Nagrók pudesse dizer algo, Allaff subiu em suas costas e o arremessou em meio à terra. O foço que havia acabado de criar estava fechado e Nagrók estava agora, sem poderes. Porém, ele ainda era forte e malicioso o suficiente para sobreviver em Varda. E ele sorria, olhando para os céus desafiador, sabendo que sua Vontade havia se cumprido. Ali, ele jurou vingança aos Elcariuns. Um dia eles seriam seus escravos e ele os torturaria por toda a eternidade.  A voz de Allaff se elevou uma última vez e depois, se calou para todo o sempre.

Não mais interferiremos no Destino do Mundo, pois do Verbo só trouxemos desgraças. Os meus filhos de carne logo estarão fortes e eles guiarão o mundo para sua Salvação ou Destruição. Até lá, assistiremos impassíveis o que tiver que acontecer e esperaremos de braços abertos todos aqueles que por sua bondade em vida, conseguirem achar o caminho até meus Portões.
Haverá um tempo, onde aqueles que desafiam os Elcariuns, conhecerão a Cólera dos Céus. Campos e bosques arderão.
Os mares se abrirão e lavarão os impuros, engolindo-os para sempre.
O vento separará as nações de Varda.
E o raio do Pai rasgará os céus.
Muitos clamarão seu falso Deus e nada obterão além de silêncio.
Neste dia, o fim estará próximo.

E assim foi feito. Os Elcariuns nunca mais interferiram em Varda, ou não diretamente. Enquanto isso, Nagrók se tornava mais e mais forte e era conhecido como Deus. Temido por uns  e amado por muitos. Porém, seu reinado teve fim quando os humanos se revelaram do esconderijo que Allaff havia lhes dado e Alacaster Thúrunnen, aprisionou aquele que não podia ser morto e com a ajuda dos Seis Conselheiros representantes dos Elcariuns em Varda, selaram para sempre o Poder da Serpente. Alacaster se tornou Rei e sua família ficou destinada a proteger Varda para sempre. Porém, Nagrók havia jurado que destruiria os Elcariuns e tomaria o mundo novamente para si. A roda das eras girava e girava e ele aguardava até o momento certo em sua prisão. O momento de libertar Vulgort do anonimato e mostrar para todos seu maior servo, o medo encarnado. Os Elcariuns seriam seus escravos e os humanos sofreriam.

E este dia chegaria. O dia em que ele cumpriria sua promessa. E neste dia, não sobraria nada... Nem mesmo a Esperança.

Coisas Quebradas





Ele tem todos os meus sonhos.
Eu fiquei somente com estas coisas quebradas.
E nós sempre discordamos de tudo.
Mas se há uma coisa real entre nós, que vale a pena acreditar
É que ele não perdeu a fé em mim.

Eu tenho coisas quebradas, onde meu coração deveria estar.
E o entreguei à ele.
Quebrado.
Destruído.
Os cacos de mim mesmo.

Um a um ele os juntou.
E me entregou aquilo que quebrado estava, consertado.
Pronto para outra, mas ainda assim frágil.


Ele tem todos os meus sonhos.
E eu somente com estas coisas quebradas, esperando um novo amanhecer.




Chico Anysio






Morre uma das maiores lendas brasileiras do humorismo.
Nascido em Maranguape, no Ceará, em 12 de abril de 1931, Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho chegou ao Rio de Janeiro aos sete anos de idade. Chegou a estudar advocacia, mas foi no rádio que encontrou sua verdadeira vocação. Antes de completar 18 anos de idade, já participava de programas de calouros e chamava atenção pela facilidade que tinha em criar diferentes vozes e personagens.

Teve grande participação em programas de rádio, onde começou sua carreira e nos empanturrou com seus 209 personagens que dançaram por nossos olhos e cantaram em nossos ouvidos durante toda sua trajetória na TV brasileira.

Ícone do humor brasileiro, teve sua carreira um pouco enevoada pela emissora que trabalhava e esta, o manteve sob as cortinas do espetáculo global, escondido, nas sombras de figuras não tão fantásticas quanto ele, mas ainda assim, manteve sua simpatia e humildade até o fim de seus dias.

E fica aqui a singela homenagem à este ser fabuloso, que nos deixa orfãos de seu humor.
Fecham-se as cortinas da vida e dá-se início ao eterno espetáculo.




domingo, 25 de março de 2012

Ao meu lado...






Nada é mais da mesma forma que era antes.
Tudo muda.
A vida é uma constante mudança.
Você já pensou nisso?

Antes eu te via e não podia tocá-lo.
Hoje eu te toco, mas nem sempre te vejo.

Queria poder fazer tudo diferente.
Que nossos planos ao mudarmos nossa vida tivessem dado certo.
Mas, não se pode prever o futuro.
Não se pode mudar o que já foi feito.

Independente de tudo, hoje, você está ao meu lado.
Talvez, eu só tenha aguentado essa "nova vida", por saber que tenho você aqui junto comigo.

Se eu caio, você cai.
Se eu pulo, você pula.

Minha vida HOJE, é a sua vida.
E queria te dizer o quanto eu sou feliz por te ter aqui.
Iria dizer aqui que Te Amo, mas acho que palavras não são suficientes pra descrever o que sinto.
Por isso, prefiro somente deixar aqui o quanto me importo e o 'Te Amo', eu deixo pra te mostrar e provar todos os dias de nossas vidas.


sábado, 24 de março de 2012

Tudo Continua Igual




O mundo sempre gira.
As coisas parecem estar como sempre foram.
Tudo caminha da forma que tem que caminhar.
A rotina é algo que faz com que eu me sinta estranho.


A Chuva. O Frio.


Tento sorrir pra disfarçar, mas por dentro estou gritando.
Mas o que mudou?
Eu ou as coisas ao redor?
A rotina ainda continua.
O mundo ainda gira.

A chuva cai do lado de fora da janela.
O barulho me deixa triste.
O vento frio me faz lembrar a distância.
Mas, quão distante realmente estamos?
O tempo corre como tem que correr.
O mundo gira como tem que girar.
Eu ainda mantenho meu silêncio, mas queria poder lhe dizer tudo o que penso e sinto.


O vento. A chuva.

Nada muda.
Tudo continua igual...





sexta-feira, 23 de março de 2012

O Conto do Viajante







Um viajante idiota estava numa jornada...
Ele era idiota porque as pessoas sempre o passavam para trás.


Enquanto prosseguia, ele ia perdendo tudo o que tinha... seu dinheiro, suas roupas...


Mas como ele era idiota, não percebia as pessoas rindo dele pelas costas.
Ele apenas se emocionava e dizia... "sejam felizes, sejam felizes..."


E quando ele doou todas as suas roupas...
Ele ficou com muita vergonha.
Decidiu então seguir viagem pela floresta.
E então ele encontrou as criaturas da floresta.
Querendo devorá-lo, as criaturas foram astutamente enganando o viajante.


O viajante continuou sendo enganado e perdeu seus braços e suas pernas.
Chegou um dia em que só lhe restava a cabeça.
E ele deu seus olhos para o último monstro.
Enquanto devorava os olhos do viajante...
O monstro disse "Obrigado. Como gratidão te darei um presente."


Mas isso também era mentira.
O presente era um pedaço de papel onde se lia "otário".
Mas mesmo assim o viajante agradeceu.


"Obrigado!Obrigado!"
"Este é o primeiro presente que ganhei em toda minha vida!Obrigado!"


Mesmo não tendo mais olhos, o viajante não parou de chorar de felicidade.


E, enfim, o viajante idiota suspirou pela última vez...
E acabou morrendo.





Trecho retirado do mangá Fruits Basket.





Quando li isso pela primeira vez, por mais bobo que esse pequeno conto possa parecer, eu fiquei emocionado. O Viajante não se preocupava com os prejuízos nem com seus problemas, só queria que as pessoas fossem felizes. Sempre mentalizo o homem que ficou somente com a cabeça, e mesmo assim, chorou de felicidade.

O texto mostra claramente como o mundo está hoje. Pois a cada dia, se torna mais comum algum tipo de 'monstro' nos escrever um bilhete dizendo: otário, e mesmo assim ainda o agradecermos.
Grande prova disso está na Política, mas só vemos o que queremos e por mais que as coisas e intenções estejam óbvias, choramos de felicidade.

Eternamente Emília





- “Mas afinal de contas, Emília, que é que você é?”
Emília levantou para o ar aquele implicante narizinho de retrós e respondeu:
- Sou a Independência ou Morte.”. 
(Memórias da Emília).



Emília é com certeza, o melhor personagem já criado em livros, ela é independente, petulante e birrenta. 
Suas falas, por mais bobas que possam parecer, às vezes, muito nos ensinam.
De longe é o melhor personagem de Monteiro Lobato.




Eu nasci boneca de pano, muda e feia, e hoje sou até marquesa. Subi muito. Cheguei muito mais que vintém. Cheguei a tostão.”. 
(Fábulas).


Emília, nessa passagem do livro Fábulas, de Monteiro Lobato, conta sobre suas mudanças desde que foi criada.
A Vida não é isso? Uma constante mudança? 

Gostaria de prestar aqui, uma homenagem a este personagem que com certeza, não acompanhou somente a minha infância, mas também, a de muitos e muitos adultos e até mesmo, de algumas das crianças de hoje.
Para mim, esta personagem será eterna e levarei ela para sempre na memória.
Pois enquanto houver alguém que se lembre, nada morre e tudo se imortaliza.


quinta-feira, 22 de março de 2012

Enfrentar o nascer do Sol







Às vezes eu tenho medo do que pode acontecer.
Fico pensando em coisas do passado e imaginando o que seria se elas se repetissem no futuro.

Um dia alguém me disse que a vida é como uma caixa, basta abrir para saber o que tem dentro.
Mas, o problema não é ter medo do que há dentro da caixa. É poder imaginar o que há dentro dela.

Eu penso que cada um de nós tem sua própria vida pra viver. É uma jornada, não uma separação. É um começo, não um fim. Vai ser um pouco solitária, mas é assim que as coisas são.

Que importa se a escuridão está me esperando. O problema é enfrentar o nascer do sol.

Venha pra Eternidade Comigo











Hey, meu querido,
Vem pra cá,
Vem pro meu mundo,
Vem pro meu lar;

Hey, seu bobo,
Inevitavelmente passei a te amar.
Nunca mais vou te esquecer,
Nunca mais vou te largar;

Hey, acredite,
Aqui é bem melhor,
Não seja louco, desenrole,
Saia dessa pior;

Hey, meu amor,
Não pense no mundo dos outros,
Aqui só há eu e você,
O resto é apenas um esboço.

Hey, minha vida,
Aqui só haverá alegria.
Pois é tamanha,
Que eu compartilho contigo essa harmonia.

Portanto,
Hey, você, sabe que é contigo.
Esqueça do mundo dos outros...
Venha pra eternidade comigo.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Promessas Vazias







Promessas vazias.
Palavras jogadas.
Vidas perdidas.
Razões deformadas.

Promessas vazias.
Crenças tragadas.
Tempo perdido.
Verdades mascaradas.

Promessas vazias.
Vidas separadas.
Sentimentos destruidos.
Hoje em dia, palavras não valem nada.